Ainda que não fosse uma novidade em si, o isolamento social provocado pela pandemia me fez vivenciar mais profundamente as interações via plataformas digitais. Muitas reuniões, atividades e encontros que até 2019 eram realizados presencialmente, inclusive promovidos por mim, foram levados para as vídeo conferências. Jamais imaginaria que mesmo as interações familiares seriam realizadas nas chamadas de vídeo do Whatsapp.
Digo não ser uma novidade porque já em 2009, ainda com a famosa, mas não tão eficiente, internet discada, eu interagia por chamada de vídeo com pessoas de diferentes lugares. Até aí tudo bem! Vivemos tempos de aceleração do desenvolvimento da tecnologia das comunicações, e era esperado que um maior uso desses recursos de comunicação acontecesse.
Porém, após um ano e meio de muitas reuniões, aulas, encontros e trabalhos realizados em formatos digitais, a facilidade e a comodidade trazida por tais recursos me fez rever e questionar a real necessidade de algumas dessas interações voltarem ao formato presencial. E parece que assim tem sido para muitos.
Quem é da área da gestão, vai se lembrar de uma frase comum no meio em que dizíamos “acabei de sair de uma reunião que poderia ter sido um e-mail”. Essa expressão, por tudo o que vivemos, mudou sua sequência de análise, e agora nos pré questionamos “será que essa reunião não pode ser digital?”.
Confesso que em muitas das atividades que fiz nas últimas semanas, onde a convocação era para o presencial, questionei se não poderia ser no formato digital ou se esse recurso não poderia ser disponibilizado para parte dos convidados, o conhecido formato híbrido (presencial e digital simultâneos).
Isso tem uma razão de ser, e também passou a ser justificativa de muitos: eu moro na periferia de Maceió, capital das Alagoas, e, como na maioria das grandes cidades, qualquer deslocamento que faça não leva menos do que uma hora até o destino, sendo a mesma situação no caminho de volta. A matemática da vida corrida e cheia de obrigações me leva a constatar a perda de duas horas ou mais num trânsito que não permite muito mais do que compensar o estresse por ele provocado com alguns bons podcasts. E as obrigações que aguardem…
A balança, então, pende para o lado de realizar reuniões e atividades no mundo digital, permitindo que imediatamente após o seu fim eu possa ter um instante de convivência com a família, fazer um lanche, repousar por cinco minutos ou mesmo começar uma nova atividade, não “desperdiçando” o tempo com idas e vindas intermináveis.
Pareceria muito bom se não fosse pela natureza social do ser humano, especialmente numa cultura afetiva e calorosa como a dos brasileiros. A facilidade e comodidade mencionada anteriormente contrastam com a necessidade de estarmos próximos uns dos outros e com a sensação de que “no online” estamos perdendo algo que só o presencial nos oferece: vivermos o ambiente, a proximidade, o aperto de mãos (com álcool em gel em seguida), o pré e o pós evento, as conversas de canto com alguém e até mesmo o compartilhamento do coffee.
Pois é amigas e amigos! A pandemia em breve vai nos deixar, mas seu legado vai nos exigir ainda mais decisões e flexibilidade sobre como conciliarmos o presencial e o online. O mundo digital não será onipotente, mas será uma ferramenta importantíssima. Já o presencial voltará para nossas vidas, mas sempre questionado se é realmente necessário. Cabe a cada um fazer as suas escolhas e vive-los, digital e presencial, da melhor forma possível.
Edson Sá – Redes e Saberes
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